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Ledo engano
03:08
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Bicho de sete cabeças
Bode expiatório
Boi-de-piranha
Eu não
Galinha morta
Pai coruja
Amigo da onça
Eu não
Ovelha negra
Mão-de-vaca
Vivo dividindo
Meu quinhão
Mas quando a farinha é pouca
Eu quero primeiro
Meu pirão
É conversa para boi dormir
O meu porvir eu construí aqui
Não posso aceitar
Na minha estrada
De mão beijada
Nada recebi
Com unhas e dentes a vida mordi
Se hoje você é um pé-rapado
Fez algo de errado
Eu sei
Talvez vivia na gandaia
Ou só fazia nas coxas
Não sei
Não vem agora com esse papo
Vai dar arranca-rabo
Já cansei
Comigo é olho por olho
Dente por dente
Decretei
Então vai lá, não diga que não dá
É, assim que é
Pra sempre é
Fechou-se a porta
Inês é morta
Não há como mudar
Em cada esquina
Vê-se uma sina
Indo ao Deus dará
Não me exijam nada
Na minha sacada vivo em paz
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2. |
O futebol, o samba
02:43
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Passa à posição
Desintegra e rechaça a marcação
Sobras de olé
O improviso, as manobras do Mané
Cai na lateral
Dribla, entorta, um grito sai lá da geral
Feito uma canção
Sua cadência sem defeito encanta o chão
Olha o tamborim
Que vem de sola
Como a bola
Vai no contrapé
Quando o samba
Enfim já deita e rola
Quem se esfola
Sabe como é
Os timbres dos pés
O maestro regendo com a dez
Surdo e violão
Tabelando e convocando a solução
Lugares sagrados
As rodas, os gramados
Afastam do viver
O sofrer?
Fez-se a batucada na pelada
E a moçada toda se exaltou
Quando o jogador-compositor
Se inspirou
E então foi gol
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3. |
O menino que corre
02:58
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O menino que corre
Correnteza de rio, clarão no mar
Displicente se move
Veste o vento e se esvai sem hesitar
Cada dia que escorre
Enche a nuvem da chuva que virá
Disso tanto decorre
E o menino ainda corre sem pensar
O menino só corre
O menino socorre
(Ah, a paz da brincadeira
Não há coisa mais séria)
Essas pernas viram pouco
Mas sabem mais como descansar
A vida é céu de fim de tarde
E não vive sem mudar
O menino percorre
O atalho da estação ao bar
Com seus braços encobre
Os segredos das cartas de além-mar
Chega e some
Deixa os gritos pra trás
Vai sem nome
Venda o mundo e os vícios ancestrais
O menino só corre
O menino socorre
(Ah, a paz da brincadeira
Não há coisa mais séria)
Esses rastros do passado
Dão no lugar de se libertar
A vida de repente é noite
E então transforma a forma de enxergar
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4. |
Pendura
04:29
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Brincou um sonho gelado
De se arrepiar
Estranho medo que aflora
Deixou o cansaço de lado
E foi pra lá lutar
Partiu sem rumo, sem hora
Quem sabe vai valer
Se hoje alguém olhar
Fundo em seus olhos ver
Que vai dar
Forjou o seu sacrifício
Pra alimentar
Cada barriga de casa
Contou do seu novo ofício
Pôs a emocionar
Sentiu seus braços com asas
Porém vai perceber
Que o justo é incomum
E sempre ao fim do mês
Ainda sem nenhum
Nessa pendura
Fartura é o que falta
É baixo o teto
Pra conta tão alta
Ainda assim bem valente
Crente a esperar
Um dia tudo melhorar
Quem disse que vai melhorar?
Forjou o seu sacrifício
Pra alimentar
Cada barriga de casa
Contou do seu novo ofício
Pôs a emocionar
Sentiu seus braços com asas
Porém vai perceber
Que o justo é incomum
E sempre ao fim do mês
Ainda sem nenhum
Nessa pendura
Fartura é o que falta
É baixo o teto
Pra conta tão alta
Ainda assim bem valente
Crente a esperar
Um dia tudo melhorar
Nem sempre um samba tem calor
Nem sempre o calor tá no samba
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5. |
Talvez pareça estranho
03:23
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Passa formando compassos
Que ritmo lindo ela traz
Cadência desconcertante
A ladeira inteira se desfaz
A cada rígido passo
Que amolece quem se atreve a olhar
Essa morena é um verso
E o poema sublime o seu andar
Em bela saia de renda
Que harmoniza com a sua tez
Um caminhar bem dançante
Como se não houvesse a timidez
Os olhos se multiplicam
Cada qual como um mundo a girar
Talvez pareça estranho
Mas ela fez toda Terra parar
E aqui de lado a gente agora
Jogando conversa fora
Tem sempre alguém pra aproveitar
Veja bem, peguei o porém, joguei pra escanteio
Não dava mais não
Bem que você faz
Só restou fiapo pelo excesso de papo
Você sabe às vezes é melhor calar
Como agora, olha lá, olha lá
Ela passar, ela passar devagar olha lá
Ela passar, ela passar devagar olha lá
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6. |
Retrato cantado
03:43
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Cai, a tarde cai
Um vento vem
Sai, deixa o cais
Ouve seu trem
Tais cores febris
Espelha o mar
Há estrelas vis
A esperar
Deixa o cansaço da vida
Na mesa do bar
E esquece toda ferida
Que mora em seu lar
Pra aguentar, se enganar
Amanhã de novo...
Vai, seu passo faz
Curvas no chão
Ah, a rua atrai sua solidão
Mostra o céu seu luar
Que o instiga a cantar
Deixa o silêncio da noite
Em um canto qualquer
E aquece todo seu corpo
Com sua mulher
Ao deitar, e apagar
A luz com um sopro
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